Abel Ferreira chegou ao Palmeiras em novembro de 2020. Desde então, o alviverde paulista vivenciou a era mais gloriosa de sua história mais que centenária, iniciada em 1914.
O português, hoje com 46 anos, tornou o Palmeiras um papa-títulos. Começou a ganhá-los no começo de 2021, campeonatos ainda referentes a 2020, atrasados por causa da pandemia de coronavírus, e não parou mais.
Foram duas Libertadores, dois Campeonatos Brasileiros, uma Recopa Sul-Americana, uma Copa do Brasil, uma Supercopa do Brasil e três Campeonatos Paulistas.
Dez títulos em um espaço de cinco anos. Média de duas taças erguidas por ano. Nada mau, pelo contrário. Impressionante e admirável.
Um desempenho tão tremendo e constante que se apresenta como uma retumbante surpresa o Palmeiras chegar ao final de 2025 de mãos vazias, tendo um fim de ano melancólico.
Derrota na decisão da Libertadores para o Flamengo. Perda de fôlego na reta final do Brasileiro, que é quase certo ficará com o Flamengo. Eliminação na Copa do Brasil para o arquirrival Corinthians. Derrota na final do Paulista para o Corinthians. Queda no Mundial de Clubes da Fifa diante do Chelsea.
Um revés seguido do outro. Como o futebol é inclemente, o ano será lembrado como de fracasso para um time que se mostrou competitivo na maior parte do tempo, acumulando nas partidas o triplo de vitórias em relação às derrotas.
Perceba o tamanho da frustração: desde 2019, quando Felipão Scolari e Mano Menezes foram os técnicos, o palmeirense não passava um ano sem gritar “é campeão”.
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O fim de 2025, particularmente, poderia ser bem diferente, para melhor, para os palestrinos.
A liderança do Brasileiro estava com eles na 32ª rodada, menos de um mês atrás, depois de uma vitória por 2 a 0 sobre o Santos. Bastava seguir ganhando.
Nos cinco jogos seguintes no campeonato, derrota para o Mirassol, derrota para o Santos, empate com o Vitória, empate com o Fluminense, derrota para o Grêmio. Míseros dois pontos em 15 possíveis. Resultado: Flamengo com cinco de vantagem faltando duas rodadas.
Brasileiro “entregue”, conforme disse Abel, havia a Libertadores para fazer o palmeirense cantar e vibrar. Cantar, o torcedor cantou. Ficou, encerrado o jogo no Peru, sem vibrar.
Perdida a oportunidade de se transformar no rei brasileiro da América –o dono de quatro taças da Libertadores é o Flamengo–, perdida também uma nova chance de enterrar a pecha do “sem Mundial”.
Será o rubro-negro carioca a participar, em dezembro agora no Qatar, da reta final da Copa Intercontinental, torneio com seis campeões continentais iniciado em setembro que a Fifa considera Mundial, assim como o que organizou nos EUA em junho e julho, com 32 times.
Enquanto o Mengo pode ser bicampeão do mundo (foi com Zico e companhia em 1981) –e mesmo que não seja os troféus do Brasileiro e da Libertadores, mais os Supercopa do Brasil e do Estadual do Rio) valerão o ano–, o Verdão continua na desgostosa e desconfortável fila para figurar na galeria dos que conquistaram o planeta.
De alento, a permanência de Abel, que tem crédito de sobra com a presidência e com a torcida.
Ele, que um dia declarou que “no ano em que o Palmeiras não ganhasse um título, eu não preciso continuar aqui”, repensou e adiantou, antes da final da Libertadores, que renovará seu contrato.
Não foi um ano bom, realizador, com Abel, torcedor palmeirense? Você sabe que, provavelmente, seria pior sem ele.
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Fonte: Folha de S.Paulo – Blogs – O Mundo É uma Bola – Principal